quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Osaka 07: Experiência foi determinante

17 anos depois, com mais do dobro da idade, Susana Feitor voltou ao país onde se estreou em Campeonatos do Mundo. No Japão tinha a responsabilidade de defender o bronze de Helsinquia, mas ela sabia que ia ser dificil. O circuito feminino estava cada vez mais forte. Tinha surgido há pouco uma russa com marcas impressionantes, as restantes europeias de primeira linha tinham apostado tudo na temporada e não se sabia o que poderiam causar as sempre inconstantes chinesas ou a australiana Saville. Só por isso, um lugar de finalista já seria muito bom. Apesar dos receios, a adaptação aos horários decorreu de forma tranquila. O pior era o clima, mas até esse ajudou a 9 de Agosto. À semelhança do que acontecera dois anos antes, Susana fez uma prova cautelosa, "mas altamente concentrada. As minhas palavras de ordem neste Mundial foram a organização dos abastecimentos, a concentração e a cautela até aos 10 - 12 quilómetros". A experiência da atleta fez com que não respondesse aos ataques de Kjersti Platzer e Maria Vasco. Ela sabia que, mais tarde ou mais cedo, o clima que se fazia sentir poderia condicionar mudanças bruscas de andamento. E foi conselheira para a colega de selecção e de treinos Inês Henriques. "Marchámos quase sempre lado a lado e perto dos 9 quilómetros ela deu sinais de que queria ir embora. Disse-lhe para ter calma que ainda faltava muito", lembra. Como atleta humilde e inteligente que é, Inês ouviu Susana, o que mais tarde lhe valeu um excelente sétimo lugar. Aliás, estas caracteristicas aplicam-se a qualquer uma das três portuguesas em prova, porque também Vera Santos não entrou em aventuras que lhe podiam custar caro e terminou em crescendo em 11º lugar. Mas lá na frente estavam as russas, com destaque para Olga Kaniskina (que viria a ganhar), e as eternas Platzer e Vasco. A espanhola ganhou o bronze que lhe fugira em Helsinquia, mas a norueguesa estava em perda. "Eu seguia em quinto, mas nunca pensei que a poderia apanhar pois também tinha ali perto a alemã Zimmer e a Inês. Assim preservei o lugar em que seguia e, como correu como tinhamos planeado, quando cortei a meta senti um prazer tão grande que o podia comparar ao terceiro lugar de Helsinquia. É claro que uma medalha é uma medalha, mas são as histórias que vivemos que nos fazem sentir o prazer da vida, e em Osaka foi assim com o meu quinto lugar", remata. Essa alegria foi visivel quando, após concluir os 20 Kms em 1h32'01'', juntou as forças que lhe restavam para, do alto do seu metro e sessenta, levantar no ar ao mesmo tempo as amigas Kjersti e Sabine e para festejar o brilharete de Inês. Já nessa altura, Susana Feitor deixou a promessa de um décimo Mundial dois anos depois em Berlim.

1 comentário:

  1. E nós a sofrer em grande jantarada na casa da Isabel Crespo!

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