quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Atleta - Estudante I

Fui aluna no Instituto superior de agronomia em Engenharia Florestal, na UTL, motivada pelas minhas raízes na Serra dos Candeeiros. Cheguei ao 3º ano, mas o grande envolvimento a todos os níveis no desporto, motivou-me a optar por um curso ligado ao desporto. Então no ano 2002 pedi transferência para a FMH, também integrada na UTL, para o curso de Ciências do Desporto, via Exercício e Saúde. Entretanto, 3 campeonatos do mundo e 2 jogos olímpicos fizeram com que a minha opção em primeiro lugar continuasse a ser a alta competição. A faculdade passou a ser feita em fases mais calmas da vida desportiva, habitualmente no Inverno, e por isso que tenho os semestres de impares (set-jan) com um grau de aprovação maior que os pares (Fev-Jul).
Não é fácil conciliar as duas actividades, ambas de alto nível e de grande mérito. Ser atleta de alta competição é algo muito especial, principalmente quando representamos as cores do nosso país, algo que só está ao alcance de poucos. Os problemas com a formação académica chegam quando treinar nos exige ausência da faculdade, tornando quase impossível assistir com assiduidade às aulas e acompanhar o ritmo do estudo. Os estágios, as competições, mas em especial o dia-a-dia com exigência física e com exigência intelectual, deixam pouca margem para a recuperação do corpo! Afectando a concentração no estudo e tudo fica mais complicado. O que torna evidente a opção… é que se pensarmos que a vida de um atleta tem uma duração a curto prazo, mas que a formação académica é muito mais flexível… vamos apostando, tentando conciliar ambas, mas privilegiando a competição.

Atleta - Estudante II

Os apoios escolares legislados à alta competição são uma ajuda, mas com falhas, uma vez que, apesar de estarem previstas várias medidas como aulas de compensação, professor acompanhante, horários adequados à preparação e competição e em particular a alteração dos momentos de avaliação, quando estes coincidem com competições ou a períodos de preparação (legislado pelo Decreto-Lei n.º 125/95 de 31 de Maio), são medidas que não são adoptadas por todas as instituições de ensino. Na verdade, são fáceis de adaptar ao ensino secundário, mas no universitário, com as regras mais rígidas e com a autonomia respectiva, é a sensibilidade e o bom senso dos professores e funcionários que prevalece.

Vou dar um exemplo para explicar melhor o que quero dizer:
As aulas iniciam-se em Setembro e terminam em Junho/Julho. Algumas disciplinas acrescentam às aulas teóricas, actividades práticas. Em média, cada curso tem 5 a 8 disciplinas por semestre. São destinados períodos de frequências e/ou exames, habitualmente em Janeiro/Fevereiro e depois em Junho/Julho ou Setembro. É também habitual a realização de trabalhos, individuais ou de grupo, que exigem tempo extra. Os horários das aulas percorrem quase todas as horas dos vários dias da semana (algumas faculdades também têm aulas ao sábado). Fora desse horário é preciso “treinar” o que foi sendo dado nas aulas.

Em relação ao treino, deve ser diário, por norma algumas modalidades descansam uma vez por semana, mas habitualmente o treino é bi-diário! Uma sessão de manhã e outra à tarde, apesar de alguns grupos de trabalho ainda incluírem uma 3ª sessão. Cada sessão tem uma duração completamente diferente, podem variar de 1h (as mais curtas, como mínimo) a 4-5h (como máximo), o que faz a sua maioria ter a duração média de 2,5h-3h. Como complemento à sessão de treino o atleta deve fazer sessões de recuperação do esforço. A cada modalidade a sua especialidade, mas em tempo o gasto médio diário ronda 1h. Todos os dias cada atleta deve gerir o treino invisível, que é a alimentação e o descanso para recuperar do esforço físico. Durante a semana também devem estar previstas sessões de análise técnica… e etc, etc, pois cada modalidade tem exigências próprias. Esta rotina semanal decorre com mais ou menos intensidade durante toda época desportiva, que para a maioria das modalidades dura 10-11 meses. Para optimizar esta rotina diária, muitas vezes fazem-se estágios fora dos locais habituais de treino, alguns curto de 3-4dias, mas outros, como são os estágios especiais em altitudes acima de 1600-1700m (montanhas fora de Portugal), devem demorar um mínimo de 3 semanas. Este plano ainda contempla as competições, em que se dá especial atenção às internacionais, que exigem mais tempo e mais desgaste.

Atleta - Estudante III

Após a análise dos dois planos, o de estudante e o de atleta, é muito fácil perceber que conciliar as duas actividades com sucesso é quase impossível.
É possível assistir a todas as aulas, trabalhos de grupo, fazer frequências e exames ao mesmo tempo ter o ritmo de preparação desportiva necessária para cumprir o mínimo?
E se formos reler o que diz o Estatuto de Alta Competição (consultar Página do IDP ) no capitulo do Regime Escolar, podemos constatar que estão previsto vários apoios, aos quais os atletas nessas condições podem recorrer e os respectivos estabelecimentos de ensino devem conceder. Mas em termos práticos ocorrem várias dificuldades para que esta conciliação seja um sucesso, a primeira grande gafe está no artigo 13º, pois contempla a alteração de datas de avaliação, quando estas coincidem com competições e preparação para estas, mas ficam perguntas no ar (com resposta óbvia!): Então e no restante tempo da época em que não competiu ou não esteve em estágio, o atleta não treinou? Não teve o mesmo ritmo de preparação?
Pode-se dizer que é um princípio válido e útil o que está legislado, mas enquanto o estudante não tiver um plano de estudo/avaliação adequado ao seu plano de treino diário como atleta, terá de continuar a optar duma actividade em detrimento da outra.

Será assim tão complicado providenciar um plano anual que contemple a formação académica e a alta competição?

No meu caso, devo dizer que tanto no ISA como agora na FMH, senti sempre uma abertura dos professores na flexibilidade da marcação de exames ou frequências fora da data oficial, mas o problema mantém-se, uma vez que oficialmente o nosso dia-a-dia de atletas em constante preparação não está contemplado.

Em Portugal existem algumas instituições universitárias sensíveis ao assunto e sempre que se fala desta matéria a Universidade do Minho é exemplo, em que existe um plano especial para “estudantes atletas de alta competição”, foi criado um programa Tutorial que acompanha estes alunos, permitindo que tenham aulas à medida e avaliações à medida, digamos assim, mas no essencial trata-se dum programa que prevê e garante que o sucesso desportivo destes alunos especiais acompanhe o sucesso escolar. (ver: Regulamento do TUTORUM criado em 2005 - Programa de Apoio Tutorial aos Estudantes Atletas de Alta Competição da Universidade do Minho - Serviços de Acção Social da Universidade do Minho )

A opção de muitos jovens atletas de alta competição acaba por passar uma espécie de imigração, pois optam por ir estudar para fora do país, ingressando em faculdades que permitem conciliar os estudos com o treino.

No entanto não me parece fazer muito sentido que exista um regime especial de acesso ao ensino superior, para um grupo especial da população e que depois durante a frequência do curso se veja “obrigado” a optar por uma ou por outra actividade, porque não existem medidas para garantir uma preparação equiparada. Pelo mesmo motivo que levou o atleta a ter direito ao regime especial, faz sentido continuar a ter medidas complementares de apoio para ter as mesmas possibilidades de sucesso como estudante, comparativamente a alunos regulares e a atletas regulares. Praticar desporto pode começar como um hobby, pode apenas ser uma actividade complementar na nossa vida, mas quando falamos de alta competição, é outra coisa, outra responsabilidade, não só estamos a falar dum grupo muito restrito de pessoas, como duma actividade que não está ao alcance de qualquer jovem. Mas a nossa sociedade tem talentos noutras áreas, por isso sempre fui de opinião que jovens talentos das mais diversas áreas como a música, o teatro, a dança, etc, deveriam ser justamente contemplados com regimes especiais de apoio na formação académica, não devem servir apenas de exemplo para a sociedade e representarem o nosso país, mas também devem ter uma alternativa de vida como cidadãos. O estatuto de alta competição regula a actividade do atleta de alta competição, mas nos termos de acesso ao ensino superior o que vem previsto no estatuto não dá facilidades ou retira lugar a outros estudantes, como muitos pensam, não! Funciona sim como uma espécie de complemento ao tempo exigente da actividade da alta competição, ao desgaste físico e psicológico necessário, algo que não está ao alcance de todos.

Tal como expliquei, se não existir uma boa coordenação entre o grupo de trabalho desportivo e o grupo de trabalho universitário, para os atletas de alta competição esta conciliação com sucesso simultâneo em ambas as áreas, nunca será uma verdadeira realidade.

Susana Feitor

A homenagem na FMH

Susana Feitor foi, como tivémos oportunidade de noticiar a semana passada, homenageada na sessão solene comemorativa do aniversário da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL). A marchadora recebeu a distinção da faculdade onde estuda pela sua participação nos Jogos Olímpicos de Pequim. Para a história fica a placa entregue pelo Professor Alves Dinis, presidente do conselho directivo da FMH. Estiveram também presentes o vice-reitor da UTL, o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, e os presidentes do Instituto de Desporto de Portugal e da Federação portuguesa de Atletismo, da Federação Portuguesa de Triatlo e do Comité Olímpico de Portugal.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Homenagem no aniversário da FMH

Susana Feitor é uma dos três atletas que vão ser homenageados na próxima sexta-feira, dia 23, pela Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL). A homenagem estende-se à judoca Telma Monteiro e ao esgrimista Joaquim Videira, todos alunos da universidade que estiveram presentes nos Jogos Olímpicos de Pequim, e insere-se nas comemorações de mais um aniversário desta instituição de ensino.
Para além dos atletas, também os responsáveis técnicos ligados a esta faculdade que estiveram em Pequim vão ser lembrados. São eles os técnicos da Federação Portuguesa de Triatlo, Jordan e Sérgio Santos, e do atletismo João Ganso (treinador do campeão olímpico Nelson Évora).
A sessão, presidida pelo reitor da UTL, está marcada para as 16.30h e contará com a presença de várias individualidades e organismos ligados ao desporto nacional.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Susana na "Sportlife" de Fevereiro

Susana Feitor deu esta semana uma entrevista à revista "Sportlife", que vai ser publicada na edição de Fevereiro. A conversa, em parceria com a Adidas (marca que patrocina Susana há mais de 15 anos) teve como pano de fundo o Estádio Municipal de Rio Maior e a pista a que a marchadora dá nome.
Toda a conversa teve como tema central os 20 anos de carreira da atleta, nomeadamente a participação em grandes eventos internacionais, como os Jogos Olímpicos, que contam com cinco participações de Susana. E daqui a mais 20 anos o que estará a fazer Susana Feitor? Para ler na "Sportlife" de Fevereiro...
Sendo a principal especialista de marcha no país, obviamente que a conversa também teria de passar pela especificidade desta disciplina atlética, a preparação fisica, quer para a competição, quer para um simples bem estar de cada um.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Ano Novo… Objectivos Novos!!

O nosso calendário do atletismo de 2009 tem vários momentos importantes para a marcha portuguesa. Logo em Fevereiro temos o Campeonato Nacional em Vila Nova de Gaia. Depois, a 4 de Abril, teremos mais uma etapa do IAAF Race Walking Challenge, o Grande Prémio de Rio Maior. Nessa altura, estaremos a caminho da Taça da Europa de Marcha, um dos maiores desafios do ano, que decorre na cidade francesa de Metz, em Maio. Ainda neste período teremos algumas competições do circuito mundial, que serão relevantes para fazer marca aos 20kms, mas também para pontuar para a classificãção final.
Finalmente, em Julho, chegará a fase final da época de 2009. Um pouco à imagem das anteriores, teremos os Campeonatos de Portugal, na distância de 10 000 metros, e em Agosto o momento da época: o Campeonato do Mundo de Atletismo, em Berlim.

2008 deixou a sua marca como ano olímpico, mas o segredo do sucesso da vida está na capacidade de traçar novos caminhos. “Vencedor nem sempre é aquele que chega em 1º lugar! … Vencedor é aquele que depois de cair levanta-se e segue!”.
Não tem sido fácil reforçar a motivação para a dureza do treino e da competição dos 20 kms marcha. Até ao final do ano passado deixei o meu corpo recuperar. Tentei reorganizar algumas questões. Agora que estamos a iniciar um novo ano é altura de dar novos passos…
Os meus objectivos dividem-se quase de forma equitativa entre a faculdade e a minha vida de atleta. Apesar do peso desportivo ainda ser grande, a minha vida de estudante tem um peso determinante para o meu sucesso pessoal.
Olho em frente e tento imaginar cada passo a dar… vejo as minhas capacidades como atleta a serem desafiadas pelos 20 anos ao serviço da selecção nacional (com apenas 14 anos tive a primeira internacionalização, numa selecção de juniores em Agosto de 1989). É inevitável um certo desgaste físico, algum cansaço psicológico, algumas rotinas exausta. Segundo quem sabe das ciências do desporto, o meu corpo ainda tem muito para dar e há algo que me mantém no rumo, que me leva à luta, que me faz querer continuar a viver concentrada no alto rendimento: a competição e o prazer de competir!
Amália dizia que cantaria até que a voz lhe doesse. Não quero chegar a tanto, ou seja, competir até que as minhas pernas não possam mais, mas procuro algo especial. Apesar de estar grata por ter tido muitos momentos especiais, como nos mundiais de Helsinquia e Osaka, os JO têm-me mantido nessa procura. Só que para 2012 ainda falta muito e não quero programar nada tão distante. Uma coisa é certa, a maturidade que todo este caminho me deu, e a experiência do sucesso e do insucesso, provocam em mim uma agradável exaltação quando penso em cada passo a dar.
Estou quase pronta para o GP Rio Maior e para conseguir a selecção para o Mundial. Só depois me posso vou deixar “embalar” para Berlim. Será uma disputa renhida porque a marcha feminina portuguesa está na sua maior força de sempre. Tenho muito trabalho pela frente… e gostaria muito de aprender a falar alemão ;)
Feliz Ano de 2009 a todos, em especial boa saúde, porque o resto virá…
Susana Feitor

Análise a 2008 IV - Susana em Discurso Directo

2008… Já lá vai!
Para mim o ano de 2008 não teve propriamente um começo, foi antes uma espécie de continuação de 2007. A motivação e o trabalho que desenvolvemos no final da época de 2007, no Campeonato do Mundo foi de qualidade. Trabalhámos a pensar nos JO Pequim e após um 5º lugar em Osaka fiz questão de me manter concentrada no caminho e no objectivo 2008.
O primeiro trimestre correu como previsto, com bons registos na pista coberta e em 10 kms, mas o mais relevante seria a reconquista do título de campeã nacional de estrada em Fevereiro.


Habitualmente dividimos a época em dois picos de forma e o primeiro seria para atingir na Taça do Mundo na Rússia, em Maio, com uma passagem marcante pelo Grande Prémio de Rio Maior. Apesar de não ter conquistado a vitória na minha terra, a 5 de Abril, fui 2ª com um excelente resultado. Depois uma gripe limitou-me o objectivo de uma classificação no top 8 na Rússia, no entanto a marca de 1h29.38 manteve-me no rumo certo. E o segundo trimestre da época terminou bem com mais um 2º lugar no Challenge da IAAF em Krakow-Polónia.


A parte final da época iniciou-se com um estágio em altitude e até ao objectivo principal ainda teria de competir nos Campeonatos de Portugal e, antes de viajar para Pequim, mais um estágio. Nos 10 000m dos Campeonatos de Portugal fui 4ª. Não contava ficar fora do pódio, mas contava com um registo perto dos 44 minutos e a marca de 44.08.1 deixou-me satisfeita. É que dadas as circunstâncias de selecção da equipa para Pequim, seriam de esperar andamentos rápidos e foi o que, tanto a Ana Cabecinha, como a Inês Henriques e a Maribel Gonçalves, fizeram ao registarem os seus próprios recordes pessoais e um novo recorde nacional.


Com a época a decorrer bem, aproximava-se a recta final para o objectivo principal: os Jogos Olimpicos. Um lugar entre as oito primeiras seria como a cereja no topo do bolo. Apesar de todos os planos em termos de preparação terem sido bem cumpridos, a selecção à última hora destabilizou um pouco os ânimos no meu grupo de trabalho e a minha ansiedade, própria para estes momentos, estava um pouco acima do habitual. Mas tudo o que tinha a fazer estava no caminho certo. O grande dia chegou mas, diferente dos demais, nasceu negro com muita chuva. Na verdade, para mim, permaneceu assim durante muito tempo…
Desisti antes do décimo quarto quilómetro e falhei o principal objectivo da época… o principal objectivo após os JO de Atenas em 2004. Não sei se alguma vez conseguirei ultrapassar a angústia dum não-resultado nos JO Pequim.


Mas o IAAF Race Walking Challenge também foi um dos objectivos de 2008 e a final do circuito em Murcia, a 21 de Setembro, estava inicialmente nos planos como apenas um momento competitivo extra. Mas depois da desistência em Pequim, senti que tinha de exorcizar a minha agonia e a minha angústia, não só revendo vezes sem conta tudo o que se passou naquele dia 21 de Agosto, mas também voltar a competir com vontade e prazer. E foi isso que aconteceu em Murcia. Apesar de já não estar na forma de Agosto, fiz 1h30.17, mas ganhar com 31ºC e com toda a concorrência em prova. Foi altamente relevante para mim em especial no que toca à minha motivação competitiva!

Olhando para trás, vejo 20 anos de momentos fantásticos e de excelência competitiva, vejo também momentos difíceis e de insucesso, altos e baixos, tal como é a vida de qualquer cidadão é. 2008 na minha vida desportiva espelha isso mesmo, uma época com momentos altos e de qualidade e com momentos baixos. Todos deixam a sua marca. Sem dúvida, que tal como em 2005 a conquista da medalha Bronze no mundial será inesquecível, a desistência em 2008 também será inesquecível, mas desta vez é uma memória difícil, que ainda trás alguma agonia.
Ambas as memórias fazem parte da história da minha carreira e ambas têm os seus ensinamentos próprios!

Susana Feitor

Análise a 2008 III - 20 Kms Marcha

Foi mais uma longa temporada de marcha a nível mundial, dominada pelas atletas que nos últimos anos têm apresentado credenciais. Se a vitória nos Jogos Olímpicos de Pequim foi, sem grande surpresa, para a russa Olga Kaniskina, a verdadeira dominadora do circuito foi a dupla vice-campeã olímpica Kjersti Platzer. A norueguesa dominou de forma categórica as provas do Challenge da IAAF e foi Susana Feitor a marchadora que mais a desafiou (2ª, em Rio Maior, com sprint para a vitória, e 1ª, na Final, em Murcia).
As russas voltaram a dominar os melhores tempos do mundo com várias atletas a conseguirem resultados de grande valia em Adler, mas que não foram homologados devido ao desnível do percurso. Entram nas listas do ano, mas não nas de sempre. Caso contrário, teríamos um novo recorde mundial em 2008 com os 1.25.11 de Kaniskina.
A superioridade russa só é contrariada a nível mundial pelos resultados de um país que é caso único no sector da marcha: Portugal. Isso ficou logo bem claro na Taça do Mundo, com três atletas nas dez primeiras (uma delas no pódio) e um segundo lugar colectivo histórico. A prova de que não foi fruto do acaso está no ranking mundial de 2008, em que Portugal consegue três marchadoras nas oito primeiras. Esta classificação mostra a consistência de bons resultados, em deterimento de atletas que aparecem apenas uma ou duas vezes por ano.
No caso particular de Susana Feitor, 2008 foi, apesar do desaire olímpico, um ano de boa memória. Conseguiu várias marcas abaixo de 1 hora e 30, alcançou dois pódios no Challenge da IAAF (Rio Maior e Cracóvia), vingou-se de Pequim em Murcia ao vencer a Final do Circuito (onde bateu grande parte das primeiras nos Jogos Olímpicos), e termina 2008 como sexta marchadora do mundo (primeira entre as que falharam na principal prova do ano). Para quem pensava que a carreira estava no fim, ficou uma amostra do que está para vir...

Análise a 2008 II - Ranking Mundial 20 Kms Marcha

1º (1) Olga KANISKINA RUS 1328
2º (2) Kjersti TYSSE-PLÄTZER NOR 1294
3º (3) María VASCO ESP 1258
4º (4) Ana CABECINHA POR 1244
5º (6) Olive LOUGHNANE IRL 1243
6º (7) Susana FEITOR POR 1239
7º (4) Tatyana SIBILEVA RUS 1237
8º (8) Vera SANTOS POR 1236
***
16º (17) Ines HENRIQUES POR 1194
30º (31) Maribel GONCALVES POR 1146

Este ranking é elaborado com base nos três melhores resultados de cada atleta durante o período de um ano. A classificação em causa diz respeito à última publicação (31 de Dezembro de 2008). A classificação entre parentesis é relativa ao lugar ocupado no ranking anterior (15 de Dezembro de 2008).

Análise a 2008 I - Melhores Marcas 20 Kms Marcha

1º - 1:25:11 Olga Kaniskina RUS Adler 23/02/2008
2º - 1:25:30 Anisya Kirdyapkina RUS Adler 23/02/2008
3º - 1:25:46 Tatyana Shemyakina RUS Adler 23/02/2008
4º - 1:26:16 Tatyana Sibileva RUS Adler 23/02/2008
5º - 1:26:16 Lyudmila Arkhipova RUS Adler 23/02/2008
6º - 1:26:34 Tatyana Kalmykova RUS Saransk 08/06/2008
7º - 1:27:07 Kjersti Plätzer NOR Beijing 21/08/2008
8º - 1:27:12 Elisa Rigaudo ITA Beijing 21/08/2008
***
17º - 1:27:46 Ana Cabecinha POR Beijing 21/08/2008
20º - 1:28:14 Vera Santos POR Beijing 21/08/2008
28º - 1:29:31 Susana Feitor POR Mealhada 01/03/2008
46º - 1:31:06 Inês Henriques POR La Coruña 07/06/2008
65º - 1:32:22 Maribel Gonçalves POR La Coruña 07/06/2008

Para este ranking foi considerado apenas o melhor resultado de cada atleta em provas de 20 Kms marcha durante 2008.