quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Helsinquia 05: O dia mais feliz

Os Jogos Olímpicos são a pedra no sapato de Susana Feitor. Atenas voltou a correu mal e foram muitas as vozes que deram como terminada a carreira da atleta. Aos 30 anos não se é velho para a marcha, só que Susana havia começado na alta roda muito antes de todas as outras. A própria chegou a questionar se valia a pena continuar. E continuou... mas com um ritmo diferente e sem criar demasiadas expectativas. Foi assim que chegou a Helsinquia, até porque na época tinha tido de tudo. Desde desistências por problemas físicos até a um moralizador segundo lugar na Taça da Europa. Os dias anteriores à prova tinham sido complicados devido a dores na face posterior da coxa. Na véspera "estava muito nervosa e tensa, pois não me sentia nada confiante que iria ser capaz de aguentar sem dor 20 Kms num circuito que não era plano". Mas ao acordar a disposição voltou. Susana diz que naquela manhã de 7 de Agosto "senti algo dentro de mim que focou na competição e afastou todos os maus pensamentos". Susana fez uma prova cautelosa, de trás para a frente, mas sempre na cauda do grupo principal, que durante muito tempo seguiu compacto. "A determinada altura, senti que o facto de estar a marchar a um ritmo para menos de 1h29' deu-me uma força extra para aguentar aquele sofrimento que nos percorre o corpo todo". Essa força ia ter resultados mais à frente. Aos poucos passou de oitava para sexta, e depois de algumas desqualificações começa a avistar Elisa Rigaudo e Maria Vasco. Primeiro a italiana e depois a espanhola. Lembra que "quando a avistei pensei que ainda tinha força para a apanhar. Mas antes do estádio tinhamos um subida e, mesmo sendo mais fraca a subir dei tudo o que tinha e consegui passar". Quando entrou na pista sentiu a reacção do público, mas nem sabia bem em que lugar estava. Só sabia que era bom. Cortou a meta em 1h28'44'' e o primeiro abraço foi da Raquel Nunes: "Su foste bronze!". Depois veio o choro e a festa. Ao lado também chorava Maria Vasco. Susana confortou-a, afinal também sabia o que era ser quarta. Seguiu-se a volta de consagração ao lado de Olimpiada Ivanova (1ª com Recorde do Mundo) e Ryta Turava. Nessa volta lembra-se de ter "literalmente saltado para o colo da Naide Gomes que estava no lado oposto a competir no salto em comprimento". Susana dava largas à alegria. Mais tarde viria a dizer que "os astros conjugaram-se a meu favor". 15 anos depois da conquista da medalha de ouro nos Mundiais de Juniores, Susana colhia os frutos de um árduo trabalho. Foi o dia mais feliz da sua carreira desportiva.

1 comentário:

  1. Dias felizes haverà mais, diferentes ou iguais a esse ; màs 1 campeonato do mùndo em Berlim, nao deve haver muito mais, entao aproveita cada segundo da tua prova
    Tua little cousine

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