quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"As pernas ainda estão a tremer"

Susana Feitor ficou "triste e desiludida" com o sucedido esta madrugada em Pequim. Depois dos 3º e 5º lugares dos Mundiais de 2005 e 2007 era legítimo sonhar com um lugar entre as melhores, mas coisas não correram bem.

"A prova partiu muito rápida e eu não sou dessas de partir assim. O piso estava encharcado. Para marcharmos bem era muito baixinho e sempre a pontapear a água". "Quando percebi que estava a andar demasiado rápido deixei o grupo ir e concentrei-me na minha competição. Quando faltavam mais ou menos cinco voltas, as minhas pernas morreram e ainda as tenho a tremer. Andei demasiado rápido no início, talvez tenha sido essa a razão. Quando me procurei, já lá não estava".

A marchadora, com um palmarés dificil de igualar, esteve igual a si própria no momento de falar aos jornalistas. Apesar da tristeza, assumiu tudo o que se passou, com a frontalidade e humildade que lhe são reconhecidas. Até na altura de dar os parabéns a Ana Cabecinha por ter batido o recorde nacional que era seu desde 1999. As duas trocaram no final um longo e sentido abraço.

E agora? Agora não se baixa os braços. Outra coisa não seria de esperar. Londres 2012... ainda é cedo para falar... mas os Mundiais der Berlim são já no próximo ano e Susana promete lutar por um lugar na, cada vez mais dificil, selecção nacional.

5 comentários:

  1. Susana, com todo o respeito que tenho por ti e pelas tuas conquistas, julgo ser hora de colocares um ponto final na tua carreira.

    O mesmo digo aos teus companheiros olimpícos. Agora digo como a outra "não vale a pena" insistirmos em competir com potências.

    Porque para disputarmos medalhas com potências, temos que ter muito mais rigor, muito mais mentalidade de esforço.

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  2. Little Cousine

    Ainda mais atràs de ti...

    Beijocas

    Cidàlia

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  3. Só quem não sabe o que é a carreira desta atleta pode dizer isso. Não estamos perante uma atleta da década passada que se anda a arrastar. É alguém que ainda o ano passado foi 5ª no Mundial e este ano fez 3 marcas abaixo de 1h30. Também os grandes têm dias maus. A Susana ainda pode ter muitos dias bons! Parabéns.

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  4. Não posso avaliar bem qual o sofrimento físico que levou a Susana a desistir...o que posso comentar é que dada a sua experiência, palmarés e treino, custa a engolir uma "desistência", quando uma atleta consagrada na maratona como a paula Radcliff, se "sujeitou" a ficar entre as últimas devido ao sofrimento que foi para ela a prova, mas contudo, não desistiu. É isto que destingue os verdadeiros campeões. Até ao fim... ou então, ficam em casa, e dá-se a bolsa a outros que a mereçam... não vão é passear para os Jogos...

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  5. Não tem sido fácil entender e muito menos aceitar... Qualquer desistência é má... Sinal de quê?... É só de vitórias que a história se faz? Na verdade não é! …chegar em último ou desistir, também fazem parte da história, mas nem por isso da glória...

    Depois de tanto trabalho e tanto empenho, meu, mas em especial de todos os que trabalham comigo e de todos os que me estiveram a apoiar depositando a esperança dum resultado que o meu estado de forma e o meu passado podia fazer prever ... não chegar ao fim numa competição destas, custa muito a aceitar...
    O peso que sinto dentro de mim, é uma mistura de agonia e angústia, que dão origem a uma frustração e desilusão interior, que me tiram a respiração… não me é fácil expor em palavras que me vai na alma!
    Não posso deixar de concordar com algumas opiniões... estão plenamente de acordo com o que penso, com o que sou como atleta e com o que sou como pessoa: Pelo menos chegar ao fim!! Pelo menos...

    Seria um nervosismo e uma ansiedade, dum querer tão grande, que ultrapassaram o meu controle físico?... Não somos nós atletas, fortes, resistentes, persistentes, responsáveis?… sim, somos!!… mas também somos todos humanos e também somos sensíveis, frágeis… Mas…( haverá sempre um “mas” nas nossas vidas, mesmo quando temos sucesso) …

    Um dia destes virei escrever em detalhe o que senti… Ainda tento encontrar explicações para aqueles minutos que correram dentro mim... Depois de lerem, cada um entenderá á sua maneira o que se passou... um domínio do instinto, o peso nas pernas, a fadiga/fraqueza que dum momento para o outro me levam ao chão, tremor nas pernas… parar e não conseguir continuar, é uma espécie de impotência… Dói!

    Brigada pelas vossas mensagens de apoio e também pelas mensagens criticas, mesmo as negativas... pois é com todos e, em particular, com as minhas reflexões que faço o meu percurso de atleta... de vida!!
    Não é assim que se vive em comunhão?

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